segunda-feira, 28 de julho de 2008

Bulgária Sucks

...A Bulgária não me desiludiu porque...eu não estava iludida.
Certo é que quanto mais conheço este mundinho de Deus, mais me convenço que vivemos num país ímpar...
Fiquem lá com Sunny Beach, com a rua pejada de contrafacção e com os senhores com cobras para as criancinhas tirarem umas fotos e... dêem-me Monchique Hotel SPA com um pequeno almoço de reis, com uma vegetação estonteante de verde, com uma água macia que nos lava corpo e alma...dêem-me o Sudoeste Alentejano com a praia da Arrifana quase deserta e um almoço no restaurante da praia, servida pelos surfistas,..uma simples salada de Rúcula com Queijo Parmesão e Crepe Salgado...dêem-me um quarto no Cabo Carvoeiro com a Berlenga no horizonte...desta vez com jantar na Nau dos Corvos... onde nos sentimos num barco em pleno mar...só mar, luar e Alfaquique fresco ou creme de laranja com pau de louro...Hummm.....
Fiquem com os cromos (homens essencialmente) de sandálias à pescador, com as t-shirts de manga cava com os pêlos de fora (Rosa Mota Style) ou os cabelinhos, tatuagens e calças "fuseau" à Modern Talking...os anos oitenta foram no século passado.
Abençoados os nossos homens, perfumados e glamorosos que têm bom senso de não usar tangas de Lycra e sim...usam camisas aos quadrados, shorts e sapatos vela, tá? Camisas havaianas com meias e sandálias simplesmente estragam o imaginário sensual a que uma mulher casada, em férias, tem direito ok?
Portugal e seus habitantes...do Marmelete a Olivença ...são lindos e são meus!

Para uma pessoa cuja sangue também corre nas minhas veias deixo uma mensagem especial que sei saberá entender em toda a plenitude...

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta...

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo."

Fernando Pessoa

terça-feira, 8 de julho de 2008

And the winner is....Bulgária









...Pela 1ª vez vamos de férias em Julho...de alguma forma não as sentimos como tal, motivo (entre outros mais relevantes) porque chegámos a este fim de semana sem confirmação de viagem para um destino... Muita hora na net fizeram-me demover a ideia de voar até à Croácia, conhecer bem o "país real" atravessando-o de carro até cidades como Zagreb e Split, terminando as férias com uma bela semana de praia em Dubrovnik. A verdade é que me fui apercebendo que as infraestruturas e realidade económica deste país, não nos permitem este tipo de viagem à "Thelma & Louise" como fizemos na Califórnia por exemplo. Não parece haver muitos rent a cars e muito menos oferta hoteleira de improviso...é necessário programar muito bem o percurso antes de partir...por outro lado fiquei bastante desiludida pela sonhada Dubrovnik não possuir praia, apenas pequenas línguas de areia e seixos...mais uma vez a oferta hoteleira da ex-Jugoslávia parece ter parado no tempo.
...Assim e não por mérito próprio, confesso, ganhou a Bulgária. Os areais de Sunny Beach, a aldeia de Nessebar e Istambul ali ao lado, fizeram com que optássemos por este destino,
...Amanhã partimos para mais uma aventura com a esperança de ainda nos deslumbrarmos com algo...nem que seja com a montra de um antiquário cheio de cabeças de bonecas...


ou as portas de ferro forjado trabalhado de uma enoteca...como aconteceu o ano passado em Itália.


Às minhas amigas Sara e Raquel mil deculpas pelas conversas que vos devo...prometo que o saldo deste balanço será reequilibrado...Agora tenho de ir...para umas férias que não queria ter...quando deveria estar de cinco meses de gestação. Bjs ...muitos



quarta-feira, 2 de julho de 2008

Resgatar o amor no passado

... À medida que envelheço e que a vida se vai cumprindo em mim, sinto uma necessidade crescente de conhecer melhor a história dos que me trouxeram até aqui. Aos sete anos já tinha perdido todos os meus avós, sendo que aos quatro perdi ambos os avós maternos, que partiram com apenas um mês de diferença. Não posso imaginar o que a minha mãe e tia sentiram perante tal amputação. As minhas únicas memórias, muito enevoadas, são do meu avô passear comigo pela Rua da Praça, e ser abordado por muitas pessoas que roubavam uns 5 minutos à conversa. Nessas passeios lembro-me de receber uns chocolates pequeninos que tinham desenhos de Caravelas Portuguesas, bolos de chá feitos com azeite e...um dia ...recordo-me de ter ficado estática a olhar para a montra de uma papelaria, cobiçando uma aguça verde, enquanto o meu avô conversava por ali. Quando me virei, fiquei aflita porque me apercebi que estava sózinha...nesse momento ele sai da papelaria com a aguça na mão...Hoje se eu oferecesse uma visita à Disney aos meus sobrinhos, duvido que os seus olhos brilhassem como os meus nessa tarde.
Quis o destino que a morte absurdamente o roubasse das nossas vidas quando me encontrava em sua casa a passar uma temporada, sob a forma de um aneurisma que provocou um AVC fatal. Reza a lenda que assim que vi a mãe minha chegar do Porto, rebentei de orgulho por ser a primeira a dar a novidade...o avô morreu!!... Eu não sabia o que era morrer, nunca tinha visto um morto, nunca tinha percebido que não somos deste mundo...para mim numa Vila onde nada acontecia todo o Verão, tinha subitamente detectado alguma agitação...
A minha avó não se sentindo capaz de acompanhar o amor de uma vida à última morada ficou na cama, sentindo-se cada vez mais fraca. Faleceu com um cancro galopante.
Anos mais tarde, fomos novamente destroçados perante a visão de uma casa tão amada destruída por um incêndio que, em silêncio (foi um curto circuito...) e durante um dia inteiro, se alimentou de quadros, mobilias, fotografias, colchas e pior... de aromas e memórias felizes...que não voltariam a repetir-se. Quando a minha tia regressou a casa no final do dia, foi quase projectada pelo contacto do oxigénio com a combustão. Então vieram os bombeiros, então veio à agua em milhares de litros, então vieram as machadadas no soalho, então vieram as lágrimas e os gestos que também não esqueci. Andavam dezenas de pessoas a circular pela casa, a retirar bens, a proteger o que restava, a oferecer casa, cama, roupa, dinheiro, refeições...colo.
Apercebi-me então como a minha família era estimada. O meu avô era um carpinteiro (pelos vistos talentoso, uma vez que até hoje as portas e o tecto da Igreja permanecem intactos, após terem nascido das suas mãos), era Agente de duas Seguradoras, era representante de uma empresa de Persianas, era o dinamizador de Excursões da Vila (temos muitas fotos das mais variadas excursões pelo país) e além de Agricultor era ainda Comandante dos Bombeiros.
Este fim de semana, e sendo uma das duas unicas descendentes ( a outra é a minha mana), senti coragem para remexer nos poucos pertences que sobreviveram ao incêndio, por estarem à data no quarto de costura, adega ou arrumos que se situavam no piso inferior da casa. Fui então arrebatada pela emoção ao abrir duas caixas de madeira feitas pelo meu avô para a minha avó, com divisórias apropriadas para os diversos apetrechos de costura, e estas estavam cheias de barras de renda finissima, que a minha tia reconheceu serem para aplicações em vestidos para as filhas e mais tarde ...as netas. Ainda estavam presas ao novelo de linha...pedaços de vida inacabados...uma caixa de "Saridon" cheia alfinetes. Descobri e resgatei ainda outra caixa feita para transporte de uma máquina de Petróleo utilizada nas famosas excursões para aquecer as refeições, no interior e para que não houvesse dúvidas a inscrição deste meu ascendente "Rodrigo". Por último, trouxe também um malho ou mangualde, instrumento que servia para malhar os cereais.
Hoje são peças decorativas que vão ser restauradas e perpetuadas, tal como o meu amor pelos meus avós o será.
Desculpem o post tão longo mas foi-me necessário...para atar as pontas soltas e para que um dia quiçá um filho meu saiba que tinha um bisavô grande de olhos verdes e loiro e uma bisavó doce, que fazia compotas, tranças e rendas.