segunda-feira, 31 de março de 2008

Com o mundo nas mãos...


É assim que me sinto...
Uma semana após visualizarmos o nosso pequeno milagre...
O repouso impôs-se após a verificação de um pequeno descolamento da placenta e também de um batimento cardíaco um bocadinho abaixo do expectável. Como ainda não havíamos completado as 7 semanas quero acreditar que o coraçãozinho tinha acabado de começar a bater...como já aqui referi, tudo de bom na nossa tem sido arrancado a ferros...motivo pelo qual até aceitamos as notícias menos boas com alguma fingida serenidade.

Amanhã vamos repetir a Eco com o Dr Beires e os nossos corações já estão apertadinhos...gostava tanto de ter um ecógrafo em casa...(pensando melhor se calhar ainda stressava mais LOL).

Vou respirar fundo e esperar que finalmente o céu se abra e o sol brilhe fortemente nas nossas vidas.

Ps- O melhor e o pior de uma semana fechada em casa;
Melhor:
Os mimos a todo o tempo que incluiram um Bolo de Iogurte de Urgência e a ultima novidade em perfume da Burberry
Pior:
" O sexo e a cidade" dobrado em Francês...o choque...o horror...

domingo, 23 de março de 2008

Um ovo de Páscoa fecundo...

...É o que a Blossom e o seu Hubbie desejam a todos os amigos e familiares...
Que esta imagem inspire a nossa estrelinha a desenvolver-se cada dia mais e mais...
Bjs de amêndoa

sábado, 22 de março de 2008

Pai...

Com três letrinhas apenas se escreve a palavra P-A-I...mas mais de três anos passaram antes que pudessemos ousar sequer pronunciar a palavra pré-pai. Não te dediquei este post, amor, no "Dia do Pai", porque não gosto de calendarizar os afectos; por outro lado esse dia recorda-me de forma muito vívida que o meu Pai e o teu já se encontram do outro lado do arco-íris.
Apaixonei-me por ti com 21 anos e indubitavelmente pelo teu lado protector e cuidador. Ver-te interagir com as crianças e a forma como te procuravam logo que entravam nas festas era comovedor...e sexy...sempre enrolado no chão oculto sob 2 ou 3 pares de pernas e braços a gritares deliciado com semelhante rebaldaria....o sofrimento que me expressaste por estares a perder a primeira infancia do M. ao estares três anos nos EUA a tirar o MBA ( pude constatá-lo quando vi o frigorifico cheio de fotos, desenhos, postais dos sobrinhos presos com " magnets" do South Park...)
Definir-te é difícil porque és feito com a massa dos Grandes Homens...Lutas até à exaustão pelos nossos sonhos, alias inteligência pura a um forte sentido de rectidão e justiça e...tens o lado terno e mimalhão de um adolescente e porque não dizê-lo ...és um belo homem.

Hoje és um pré-pai...Amanhã não sei...
Uma coisa tenho a certeza...não concebo outro pai para os meus filhos...és o meu norte e o meu sul...durmo em ti e acordo em ti...Acredito que no fim deste arco-iris estará o nosso tesouro...o nosso filho.
Adoro-te.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Pedra Filosofal...


Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso

em serenos sobressaltos,

como estes pinheiros altos

que em verde e oiro se agitam,

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho álacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel,

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa-dos-ventos, Infante,

caravela quinhentista,

que é cabo da Boa Esperança,

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Colombina e Arlequim,

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

cisão do átomo, radar,

ultra-som, televisão,

desembarque em foguetão

na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956


sábado, 15 de março de 2008

Maresia...

Hoje fui aqui...
As primeiras memórias que retenho da infância são olfactivas...o cheiro da pele dos meus pais, do cabelo da minha irmã (shampoo Johnson´s baby), da lenha húmida na casa dos meus avós, da relva acabada de aparar da casa dos meus tios....e o das manhãs enevoadas na praia.
Quem fez praia em Leça da Palmeira à 25 anos sabe do que falo, o aroma a iodo libertado pelas rochas batidas pela fúria do mar é único..não o encontrei nem nas mais belas e paradisíacas praias do mundo.

Éramos sempre dos primeiros a chegar à praia, de modo a que o meu pai pudesse ir trabalhar no mesmo carro de seguida (nessa altura conduzia orgulhosamente um Fiat 850 com bancos de napa castanha e não existiam "segundos carros"...) A minha mãe untava-nos com creme "Nívea" de lata azul estivesse sol ou névoa cerrada, logo depois de montar o guarda-sol azul marinho com franjinhas brancas e o apara-vento a fazer "pendant"...recordo-me de me ter perdido com cerca de 5 anos e olhar em volta e apenas vislumbrar uma praia enorme pontilhada de azul...todos iguais...valeu-me o facto dos adultos saberem a quem eu pertencia ...e...não haver pedófilos...

Brincávamos toda a manhã de volta das poças que noite renovara de água e moluscos, na busca incessante de caranguejos, peixinhos e camarões bébés. Ainda que não sonhássemos o que era uma Escritura de Aquisição tínhamos cada uma as suas poças e lagos devidamente baptizadas, sendo impensável que usurpássemos o local de pesca umas das outras. Nos dias de sorte a mãe deixáva-nos tirar a T-shirt durante a manhã (não havia loções com factores de protecção) e tomar banho, após o qual nos secava vigorosamente, trocando o calção em "crochet"por outro igualmente bonito (lembro-me de uns azuis marinhos com cerejas vermelhas de lado...) que fizera noutras tardes ociosas de praia...
Cerca das 11 horas palmilhava a praia uma senhora com uma lata à cabeça cheia de Bolas de Berlim, Caladinhos, Pastéis de Feijão, Caramujos...e uma vez por semana (sim...porque chegávamos a fazer dois meses de praia...) a troco de 7.50 esc deliciávamo-nos ao sol a degustar estas "delicatessen" ao invés das sandes com fiambre e "Tang" dentro de copos plásticos da Tupperware, cujo gosto se sobrepunha ao refresco.
Não havia telemóveis pelo ansiávamos pelo resto dos conhecidos de tantos anos de praia para que pudéssemos almoçar juntos, aconchegando vários guarda-sóis e formando círculos de apara-ventos para proteger a comida da nortada. Como não havia Ipods as mães tinham rádios de pilhas sintonizadas na Renascença, cujas melodias serviam de fundo ao ritual das refeições. Estando as mantas sacudidas da areia, começavam a abrir as Geleiras e Seiras de onde apareciam batatas fritas (cozinhadas às 7 da manhã em casa) e um tacho de arroz embrulhado em Jornal, logo seguido de panados... Hummmmm... Ainda hoje me questiono como se aguentavam as batatas às rodelas sequinhas e fininhas e aquele aromático arroz que tanta inveja provocava nas outras mães menos dotadas para estas lides. Para sobremesa fruta fresquinha e ocasionalmente gelado de morango com chocolate caseiro (de morrer por mais...). Durante o período da Digestão tínhamos permissão para ler, jogar às cartas ou dormir, sempre à sombra...porque a minha mãe tinha à sua responsabilidade as filhas, a Xana e a Betinha cujas mães trabalhavam até Agosto.
Após o tão ansiado banho de mar da tarde, que nos fazia perguntar as horas de 10 em 1o minutos, era altura de devolver ao mar todas as espécies que havíamos pedido emprestado, nos dias bons podíamos comprar um "FÁ" no Bar Azul, depois de guardarmos a tralha de veraneio no Barracão do Marinheiro, dentro de um enorme saco de ganga identificado com o nosso nome. O dia findava com o meu pai a recolher-nos,e nós cansadas com os olhos queimados do sol e do salitre, a tentar escapar aos bancos de napa quente que tanto ardiam nas pernas desnudadas, e às sapatadas uma à outra, circunvalação acima até chegar a casa, onde nos esperava um banho de banheira onde éramos esfregadas de fio...a pavio. A mãe não brincava em serviço...

Quando me perguntam porque tanto desejo este filho...lembro-me destes dias felizes e despreocupados da infância...ter um filho desejado não é egoísmo...é um supremo acto de despojamento e entrega a um ser maior que nós....maior que a vida.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Coração nas mãos

É assim que me sinto...acreditar...rezar...suspirar...ambicionar....esperar.

terça-feira, 11 de março de 2008

Vicente..."Aquele que vence sempre"



Existem dias que já são velhos em nós de tão sonhados. Hoje foi Verão, o sol brilhou e pude até sentir o afago suave da felicidade plena. Hoje, uma grande amiga...uma alma gémea, foi mãe. Não,
desculpem ela já era mãe, só ainda não tinha conseguido conceber.

O Vicente só chegou hoje desta longa viagem, mas nos nossos corações tem mais de 2 anos. Desejámos-te quando ainda eras só uma possibilidade remota e por ti sofremos 38 intermináveis semanas.
Sê bem vindo Vicente a este mundo, tu que tudo venceste. Hoje ele pareceu-me muito mais promissor...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Borboletas


Após 4 anos a perseguir um sonho, conseguimos atingir o ponto de partida. Estamos oficialmente grávidos de 4 semanas e 5 dias! O caminho faz-se andando, e já tivémos o nosso 1º percalço, uma perda no segundo dia após a analise clínica levou-me ao repouso total, pelo menos esta semana. Não havendo nada mais que possa fazer experimento, 10 anos depois da morte do meu pai, o sabor amargo da impotência. Desta vez luto por uma vida que nasce e não por uma que se apaga...as borboletas no ventre...essas são as mesmas quando tememos por alguém que amamos.

Não posso deixar de publicar aqui o Poema que abria o Missal do nosso Casamento in "Sebastião da Gama", porque continua a fazer todo o sentido.

Pelo sonho é que vamos

Pelo sonho é que vamos
Comovidos e mudos
Chegamos? Não chegamos?
Haja frutos ou não frutos,
Pelo sonho é que vamos,
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos,
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.


sábado, 1 de março de 2008

Serenidade


Finalmente sinto alguma paz...talvez porque são 2h32m da manhã e a madrugada sempre tenha tido este efeito sobre mim. Um dia que finda e a aurora que ainda pode trazer esperança...um despontar de uma nova vida.